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MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA

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Paciente de 34 anos, encaminhada ao serviço de Mastologia do Santamália Saúde devido processo inflamatório de mama esquerda há 4 meses, em uso de antibiótico sem melhora e abscessos em quadrantes mediais de mama esquerda ao US.

Foi submetida a drenagem dos abscessos e obtenção de fragmentos de tecido para cultura. Os exames de BAAR, PPD, VDRL e HIV resultaram negativos. Culturas de tecido para fungos e bactérias também resultaram negativas. O resultado anátomo-patológico dos fragmentos de tecido foi mastite crônica granulomatosa com abundantes células gigantes multinucleadas.

Com a hipótese diagnóstica de mastite granulomatosa idiopática, iniciou-se tratamento com corticóide, prednisona, 60mg/dia.

Após 6 meses, apresentou abscessos superficiais em QIL de mama esquerda e nódulos mal delimitados em QIL de mama esquerda ao US, cuja core biopsy resultou no mesmo diagnóstico anátomo-patológico anterior.

A corticoterapia foi substituída, então, por colchicina, na dose usual diária.

Sobre a doença...

Também chamada Mastite Lobular Granulomatosa ou Lobulite Granulomatosa, a Mastite Granulomatosa Idiopática (MGI) é uma doença inflamatória crônica rara que acomete o lóbulo mamário. Caracterizada pela presença de granuloma não caseoso e microabscessos limitados ao lóbulo.

  • Etiologia: desconhecida. Hipóteses aventadas são: hiperprolactinemia, uso de ACO, deficiência de alfa-1-antitripsina, reação auto-imune, diabetes, presença de Corynebacterium, porém, todas sem comprovação científica.
  • Acomete pacientes em idade reprodutiva, idade média de 30 anos, com história de gravidez recente (2 – 6 anos pós-parto).
  • Apresentação clínica: nódulo endurecido, fixo, muitas vezes doloroso, unilateral, nos casos mais arrastados, abscessos, fístulas e ulcerações.
  • Diagnóstico por imagem: os achados ultrassonográficos e de mamografia são inespecíficos, mas importantes na avaliação da extensão e da evolução da doença. A ressonância magnética também é útil, sobretudo na avaliação da extensão da doença.

  • Diagnóstico diferencial: carcinoma, patologias inflamatórias e outras causas de mastite granulomatosa (tuberculose, sarcoidose, histoplasmose, blastomicose, actinomicose, criptococose, filariose, doença da arranhadura do gato,salmonelose, brucelose, sífilis, diabetes e doenças auto-imunes como granulomatose de Wegener e poliarterite nodosa). A MGI é, portanto, diagnóstico de exclusão.

  • Importante obter material para estudo histológico.

  • Tratamento:

  • Excisão cirúrgica da área afetada. Alguns casos, até mastectomia.
  • Drenagem de abscessos, quando presentes.
  • Se área afetada grande ou difusa, corticóide (excluir ou tratar infecção antes). A droga de escolha é a prednisona, na dose inicial de 60mg/dia por 6 semanas, até 6 meses com diminuição gradual da dose.
  • Casos que não respondem ao tratamento com corticóide, colchicina, na dose inicial de 2mg/dia por 10 dias, seguido de 1mg/dia por mais 16 meses.
  • Agentes imunossupressores como metotrexate e azatioprina tem sido usados com sucesso, mas em estudos limitados.
  • Independente do tratamento adotado pelo Serviço, a resolução da MGI é lenta, acompanhada pelo surgimento de complicações como formação de abscessos, fístulas,ulcerações de pele e infecções secundárias em até 50% dos casos, exigindo o tratamento apropriado das mesmas.
  • Recorrência: 5 a 50% dos casos.
  • Prognóstico: trata-se de uma doença benigna e auto-limitada.
  • Seguimento: 3 a 6 meses nos primeiros 2 anos e após anualmente.

Autor

Dr Alberto Luis dos Santos Henriques

Dr Alberto Luis dos Santos Henriques

Mastologista

Especialização em Ginecologia e Obstetrícia no(a) Hospital Leonor Mendes de Barros.